Dor no peito, é infarto?
Costumo brincar no consultório com meus pacientes que toda dor que tenha origem do nariz para baixo e do umbigo para cima precisa ser avaliada por um médico, mas, nem todas, tem origem cardíaca ou requerem atendimento de urgência.
São diversas as causas para dor e desconforto na região torácica, e elas variam desde dores musculares; distúrbios digestivos como úlceras, gases, refluxos e espasmo esofágico; problemas de coluna; traumas; doenças pulmonares como pneumonias, derrames pleurais, pneumotórax ou simples crises de tosse; transtornos ansiosos; fibromialgia e até mesmo dores de origem psicológica.
De cerca de 4 milhões de atendimentos ao ano por dores torácica, apenas 20% correspondem a doenças cardíacas.
Se as causas são diversas, quando devo me preocupar?
O primeiro ponto a ser levado em consideração é: Quais os seus riscos? Você fuma? É obeso / sobrepeso? Ingere bebidas alcoólicas, drogas, estimulantes ou anabolizantes? Tem diabetes ou pré-dabetes? Pressão alta? Colesterol elevado? Apneia do sono? Na sua família, há um histórico de doenças cardíacas?
Se você não tem nenhum fator de risco, você é considerado um paciente de baixo risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, mas se você tem um ou mais destes fatores, o alerta vermelho é ligado.
Dito isso, agora preste atenção na sua dor: ela é desencadeada por algum movimento? Pensamento? Alimento? Ou por alguma posição? Houve algum trauma? Quanto tempo ela dura? Vem acompanhada de outros sintomas como falta de ar, cansaço, sudorese, palpitações? Tem algum fator que causa aumento ou redução de sua intensidade? Você tem notado redução do seu desempenho físico às atividades que anteriormente eram rotineiras?
Geralmente, a dor torácica de origem cardíaca não é desencadeada por movimentos, pensamentos, posições, alimentos específicos ou por traumas; ela não é fugaz – tem uma duração um pouco mais prolongada (algo em torno de 20 a 30minutos) e esta associada ao esforço físico: piora ao esforço e melhora no repouso. Podendo OU não ter outros sintomas associados.
Se você for de alto risco, ao sentir uma dor, sugiro que procure imediatamente ajuda médica. Agora, se você for de baixo risco e tiver um desconforto fique atento na intensidade, nos fatores desencadeantes, na duração, na recorrência e nos sintomas associados e, ainda que opte por não buscar atendimento de urgência, é valido uma consulta com um cardiologista para melhor avaliação.
Lembre-se, na dúvida, é sempre melhor pecar pelo excesso e buscar a urgência médica, do que remediar e desenvolver complicações secundárias ao infarto.